Xiru Lautério "O PERSONAGEM MAIS BAGUAL DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS BRASILEIRAS"

19 de dez. de 2011

Xiru Lautério: O Personagem Mais Bagual das HQs Brasileiras

A RAZÃO 

Sexta-feira, Dezembro 16, 2011, 20:06

O mais bagual dos personagens

Texto de Ricardo Ritzel


Foto do Bica Beltrame
Byrata e sua segunda obra “Xirú Lautério e os Dinossauros”

Descrever Xirú Lautério é resgatar a própria figura do gaúcho histórico, aquele que ia de estância em estância, numa busca errante de trabalho temporário, um canto de galpão para assar uma carne, contar e ouvir “causos” e, depois, dormir e ir embora.
O autor, Jorge Lopes, o Byrata, se inspirou nos clássicos da literatura gaúcha, como “Martin Fierro”, “Antonio Chimango” e “O Tempo e o Vento” para criá-lo, assim como as histórias que ouvia na infância vivida no meio rural do Rio Grande do Sul.
Xirú Lautério é um índio xucro, meia idade, cerca de 1,80m de altura, um pouco judiado pelo tempo, linguajar missioneiro,meio desconfiado, farto bigode, bota, bombacha, chapéu de barbicacho, camisa branca e o tradicional lenço vermelho maragato. Uns dizem que ele é de Julio de Castilhos, outros que veio da fronteira missioneira, mas o certo é que ele é de Tupanciretã.
Na verdade, ele é o mais bagual dos personagens dos quadrinhos brasileiros, como classificou a crítica de São Paulo e Minas Gerais quando o autor lançou o “Xirú Lautério e os Dinossauros Parte I”, por aquelas bandas do país.
Sim leitores, Xirú Lautério é literatura em forma de quadrinhos. E da melhor qualidade. E mais, uma história em quadrinhos digna de ser colocada na estande junto com os grandes das letras pampeanas, deste lado e do outro da fronteira, como José Hernadez, Facundo Quiroga, Ramiro Barcelos e Érico Verrísimo.
E o mais certo de tudo é que Xirú Lautério é um pouco de todos nós, gaúcho, ao exaltar com orgulho o nosso passado histórico comum, enxerga com ironia e humor este confronto cada vez maior entre o campo e a cidade dos dias de hoje, assim como a crescente velocidade da vida moderna. Mas, o mais importante, também questiona com firmeza o futuro de nossas tradições, por que em “Xirú Lautério…” o leitor irá encontrar muita história (“e com substância”, como diz o autor), o presente e também o futuro de uma cultura chamada de gaúcha.  E Santa Maria sempre está presente, mesmo que do outro lado do deserto que vai dar no Alegrete, na silueta dos edifícios ao lado dos montes, na entrelinha dos diálogos. Afinal, o autor foi gerado em Tupã, “mas nascido e criado na Boca do Monte”, como ressalta o Byrata.
 “Quando criei o Xirú, lá pela década de 70 do século passado, a inspiração veio dos causos que ouvi na minha infância, dos heróis gaúchos da literatura e, também, de um primo, Enir Lopes, e de um tio, Junot Silva. Os dois juntos são a própria personificação do Xirú Lautério. E, uma curiosidade: o Lautério é uma homenagem ao  “Antonio Chimengo”, do Ramiro Barcelos, onde havia o personagem do Tio Lautério. Descobri mais tarde que o Lautério, do Barcelos, realmente existiu e é avô do nosso maestro Setembrino. Que coincidência”, comentou Byrata.
Para aqueles que ainda não leram a primeira parte desta aventura, lançada em 2007, o nosso herói vaga errante por um Rio Grande rural, em algum lugar entre Alegrete, São Luiz Gonzaga e Santa Maria, sem deixar de dar umas “volteadas” em Júlio e Tupanciretã. Quando Xirú cruza por uma estranha região formada por coxilhas arenosas, se depara com um bando de répteis pré-históricos. Passado o susto, o nosso gaudério não teve dúvidas, laçou um dos bichos e o churrasqueou ali mesmo, sem nenhuma dúvida.
E as surpresas continuam quando Xirú conhece um cientista alemão, chamado de Hauskunstein, que com o pretexto de estudar  a fauna e a flora do Rio Grande do Sul, desenvolve uma máquina que permite trazer criaturas do passado para os dias de hoje. Ora, a Depressão Central gaúcha é um das mais conhecidas e ricas regiões do planeta em paleontologia. Os dinossauros então encontram o nosso herói em uma aventura com muito humor e questionamentos.
Em “Xirú Lautério e os Dinossauros”, parte II, a estória começa quando o mesmo cientista europeu agora já está capitalizando a sua invenção e necessita de peões acostumados a lida campeira para manejar na magueira, embretar e embarcar estranhas criaturas com mais de 200 milhões de anos e com tamanho três vezes maior que o gado normal do pampa, sem falar de laçar, carnear e churrasquear os animais.
Emfim, está lá toda a nossa história, desde os primórdios da Terra, passa pela chegada da civilização por estas bandas, chega aos nossos dias e arrisca um futuro comum a todos nós, gaúchos. Boa diversão, boa história e boa leitura. De novo, o Byrata acertou a mão, literalmente.

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