Campainha de
mesa: uma tecnologia limpa e autossustentável
Outro dia fui a uma loja de consertos, pagar o serviço de
reforma da máquina de lavar roupa, a minha “escrava branca” como costumo
chama-la. Ela é uma antiga Brastemp e estava apresentando problemas, a ponto de
passar pela minha cabeça em trocá-la por uma flamante e moderna lavadora
automática cheia dos controles e outros quetais. Só não fiz isso porque a senhora
que me atendeu na loja de consertos, quando fui pedir sua opinião, me convenceu
de que valia a pena reformar ao invés de trocar, pois essas máquinas modernas
são cheias de recursos, mas não chegam nem aos pés das antigas, que são mais
resistentes e de fácil manutenção, ao passo que as modernosas vêm com placas e
circuitos que ao apresentarem problemas complicam ainda mais as coisas, não só em
manutenção, como no estrago que fazem no bolso do vivente.
Pois bueno, hoje sou o feliz proprietário de uma nova/velha
lavadora, inclusive de “casco” novo. A antiga estava toda enferrujada, também,
a coitada tem mais de 30 anos e já passou por muita lavagem de roupa suja. O
pessoal do conserto me ofereceu a oportunidade de trocar o “gabinete” (esse é o
nome da estrutura externa) por outro, em excelente estado, que pertencera a uma
máquina da mesma marca e modelo.
Tah! Aceitei. O preço estava em conta e valia a pena, inda
mais que fiz uma negociação que dava no meu dinheiro, além de evitar as tais 12
parcelas sem entrada que iria encarar na compra de uma moderníssima “faz tudo
em um”. Concluí que saí em vantagem, minha máquina está nova, funcionando que é
uma beleza e tá paga!
Mas Bueno, na verdade o causo não é esse, trata-se da campainha
de mesa, conforme está no título, lá encima. Pois bem, ao ir à loja para pagar
o serviço, vi sobre o balcão uma campainha daquelas antigas, que tem um bojo de
metal e um botão para tocar com o dedo que aciona um martelete metálico
interno, fazendo soar a campainha. É um dispositivo extraordinariamente simples
e funcional. É só bater o dedo, sem esforço algum e soa um tinido metálico e
sonoro, lindo, musical. Não fere o ouvido, nem causa um estardalhaço desmedido,
soa como uma musica de uma nota só. Dá prazer em ouvir.
E o design então, é algo incrível, um “desaine” antigo e
permanente, algo que lembra um sino, ou um gongo e que funciona sem necessidade
de luz elétrica ou qualquer tipo de energia, senão a de nosso próprio impulso.
Da vontade de ficar tocando aquilo, indefinidamente. Aliás, não aguentei e
toquei, embora o proprietário da loja estivesse presente, atendendo-me
cordialmente, louco de faceiro, pois eu fora pagar o serviço.
Desculpei-me e falei pra ele que não sabia que ainda fabricavam
aquele instrumento singelo e competente na sua função, e que toca-lo me remetia
ao passado, acionando lembranças de outros lugares, de antigos armazéns de
minha infância, repartições públicas e recepções de atendimentos que visitara
em outros tempos. Lembrei-me de uma que havia no balcão de recepção da gráfica
que possuí na década de 80 e isso me levou a outras e outras lembranças.
Enfim, as campainhas de mesa, são instrumentos que provavelmente
existirão para sempre, assim como outras coisas de nossas vidas, e que
contrariam essa teimosa teoria do ”troque por outra”, “compre uma nova”, “descarte
que já não funciona”. Tenho pensado muito nisso e tou querendo até criar uma
comunidade no Orkut, ou melhor, no “Feice”, ou quem sabe nalguma outra rede que
venha para substituir essas...
Vejam só! Esse hábito de substituições vai longe e enquanto
minha mente se perde nessas conjecturas, ouço o som de minha escrava branca renovada,
trabalhando tranquila, sem trancos desusados, até parece que está faceira, a
bichinha, com a nova recauchutagem. Que coisa né?
Byrata
09/01/2013
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