Xiru Lautério "O PERSONAGEM MAIS BAGUAL DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS BRASILEIRAS"

9 de jan. de 2013

Permanência X Impermanência


Campainha de mesa: uma tecnologia limpa e autossustentável


Outro dia fui a uma loja de consertos, pagar o serviço de reforma da máquina de lavar roupa, a minha “escrava branca” como costumo chama-la. Ela é uma antiga Brastemp e estava apresentando problemas, a ponto de passar pela minha cabeça em trocá-la por uma flamante e moderna lavadora automática cheia dos controles e outros quetais. Só não fiz isso porque a senhora que me atendeu na loja de consertos, quando fui pedir sua opinião, me convenceu de que valia a pena reformar ao invés de trocar, pois essas máquinas modernas são cheias de recursos, mas não chegam nem aos pés das antigas, que são mais resistentes e de fácil manutenção, ao passo que as modernosas vêm com placas e circuitos que ao apresentarem problemas complicam ainda mais as coisas, não só em manutenção, como no estrago que fazem no bolso do vivente.
Pois bueno, hoje sou o feliz proprietário de uma nova/velha lavadora, inclusive de “casco” novo. A antiga estava toda enferrujada, também, a coitada tem mais de 30 anos e já passou por muita lavagem de roupa suja. O pessoal do conserto me ofereceu a oportunidade de trocar o “gabinete” (esse é o nome da estrutura externa) por outro, em excelente estado, que pertencera a uma máquina da mesma marca e modelo.
Tah! Aceitei. O preço estava em conta e valia a pena, inda mais que fiz uma negociação que dava no meu dinheiro, além de evitar as tais 12 parcelas sem entrada que iria encarar na compra de uma moderníssima “faz tudo em um”. Concluí que saí em vantagem, minha máquina está nova, funcionando que é uma beleza e tá paga!

Mas Bueno, na verdade o causo não é esse, trata-se da campainha de mesa, conforme está no título, lá encima. Pois bem, ao ir à loja para pagar o serviço, vi sobre o balcão uma campainha daquelas antigas, que tem um bojo de metal e um botão para tocar com o dedo que aciona um martelete metálico interno, fazendo soar a campainha. É um dispositivo extraordinariamente simples e funcional. É só bater o dedo, sem esforço algum e soa um tinido metálico e sonoro, lindo, musical. Não fere o ouvido, nem causa um estardalhaço desmedido, soa como uma musica de uma nota só. Dá prazer em ouvir.
E o design então, é algo incrível, um “desaine” antigo e permanente, algo que lembra um sino, ou um gongo e que funciona sem necessidade de luz elétrica ou qualquer tipo de energia, senão a de nosso próprio impulso. Da vontade de ficar tocando aquilo, indefinidamente. Aliás, não aguentei e toquei, embora o proprietário da loja estivesse presente, atendendo-me cordialmente, louco de faceiro, pois eu fora pagar o serviço.
Desculpei-me e falei pra ele que não sabia que ainda fabricavam aquele instrumento singelo e competente na sua função, e que toca-lo me remetia ao passado, acionando lembranças de outros lugares, de antigos armazéns de minha infância, repartições públicas e recepções de atendimentos que visitara em outros tempos. Lembrei-me de uma que havia no balcão de recepção da gráfica que possuí na década de 80 e isso me levou a outras e outras lembranças.

Enfim, as campainhas de mesa, são instrumentos que provavelmente existirão para sempre, assim como outras coisas de nossas vidas, e que contrariam essa teimosa teoria do ”troque por outra”, “compre uma nova”, “descarte que já não funciona”. Tenho pensado muito nisso e tou querendo até criar uma comunidade no Orkut, ou melhor, no “Feice”, ou quem sabe nalguma outra rede que venha para substituir essas...
Vejam só! Esse hábito de substituições vai longe e enquanto minha mente se perde nessas conjecturas, ouço o som de minha escrava branca renovada, trabalhando tranquila, sem trancos desusados, até parece que está faceira, a bichinha, com a nova recauchutagem. Que coisa né?

Byrata
09/01/2013

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