Nos últimos dias tenho encontrado com amigos que
brincam comigo dizendo para eu me cuidar pois estão matando cartunistas por
aí. Me divirto com as brincadeiras e participo com alegria, é uma interação
saudável e prazerosa que faz parte da cultura brasileira. Costumamos
tirar sarro de tudo, como se dizia antigamente, por volta da década de oitenta.
Todos os assuntos merecem piada aqui no Brasil. Somos um povo bem humorado que sabe
rir de si próprio.
Costumamos rir de nossas desgraças e somos bons em
criar anedotas sobre tudo, até sobre assuntos politicamente incorretos, nesse
caso costumamos contar a piada a boca pequena, somente entre amigos e parceiros
e nem por isso são consideradas ofensivas, pois se tratam de brincadeiras em
que rimos juntos das nossas próprias desgraças ou diferenças, sem tons de
deboche ou desrespeito. É tudo brincadeira que ajuda a passar as horas com
alegria.
De uns tempos para cá o termo politicamente correto
surgiu em nosso vocabulário e tornou mais complicado fazer graça de nossas
mazelas. Tem fundamento, a humanidade se multiplicou muito e com isso os
problemas de convivência também aumentaram, então, o bom senso nos aconselha a
tomar cuidado para não sair por aí contando piadas que poderão ser entendidas
como ofensivas, principalmente quando mal compreendidas.
O bom humor é saudável e faz com que vivamos a vida
com mais alegria, suportando melhor as dificuldades, mas sabemos que o humor
tem seus aspectos negativos, quando se utiliza da irreverência excessiva, do
deboche e da zombaria, que são formas de critica utilizadas para atacar, ferir
e ridicularizar.
Então é bom não esquecer que, como tudo nesta vida,
existe uma linha tênue que separa o bem do mal, e que se não estivermos
atentos, corremos o risco de ofender a alguns companheiros de jornada neste
imenso planeta, cheio de variações culturais, étnicas e religiosas, onde o
obscurantismo e a intolerância procuram se
estabelecer e de onde poderá vir a resposta.
É certo que não se justifica a agressão do ofendido na
forma do ataque a vida, mas é necessário afinar o tom da expressão e discussão
a níveis mais positivos e elevados, tornando-se assim, a crítica construtiva e
esclarecedora.
Até a poucos dias uma grande parcela da população
terrestre sequer sabia da existência de um jornal chamado Charlie Hebdo,
publicado em Paris, na França. Tampouco sabiam de seu conteúdo, onde as
críticas ácidas ao islamismo e outras religiões era seu mote principal. As
críticas atraíram a atenção de fanáticos que invadiram a sede da revista e
massacraram 12 pessoas, entre elas os cartunistas responsáveis pela publicação.
O massacre trouxe à tona o debate sobre os limites da
liberdade de expressão e o direito de ofender, por outro lado, é uma questão de
responsabilidade, onde todos somos responsáveis pelo que dizemos e fazemos,
inclusive pelas consequências de nossos atos e pelas vítimas de nossas ações.
Byrata
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