Xiru Lautério "O PERSONAGEM MAIS BAGUAL DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS BRASILEIRAS"

11 de set. de 2007

Humor Bagual

BAGUALISMO PURO OU POR QUE NÃO RIR, TCHÊ?

Setembro, não é apenas e tão somente o mês do início da Primavera. É também o mês das enchentes de São Miguel - ao menos antigamente - e mais recentemente é o mês do gaúcho, com cetegês, desfiles, gauchadas e feriado estadual. Mas é também o mês de mostrar o Humor Bagual. Ao menos para o Byrata.
Pois o Byrata é este vivente - misto de urbano e rural, um centauro ruralbano ou urbanal - que nasceu em Santa Maria e criou-se em Tupanciretã, com as boas e as (nem tão) más conseqüências disto.
Dentre os bons resultados desta simbiose agrourbana está o seu jeito especial e campeiro de preparar o bom chimarrão com que recebe os amigos. Se isto é privilégio de (alguns) poucos, já de seu traço e de sua arte, não se pode dizer o mesmo.
A arte do Byrata tem percorrido mundos e fundos, apesar dos aramados e porteiras, isto é, dos preconceitos, tão abundantes para com a arte e a cultura com um certo olhar nativista e campeiro. Mais coragem é preciso ter para fazer humor num campo tão adverso. Adverso, porque o gaúcho é desconfiado desde o nascer. Desconfia da parteira, da tesoura que lhe fez o corte do umbigo, da água do primeiro banho e dos próprios pais, embora ambos, com olhar coruja o observem com ternura e carinho.
Byrata, não se impressiona com estas adversidades do meio e dos personagens. O ar sisudo do campeiro e as atividades, quase sempre braçais, que não o falquejam suficientemente, não impedem que se tire leite de pedra, isto é, ria-se da própria desgraça, melhor dizendo, da própria seriedade.
Byrata, com a sensibilidade do olhar do artista, percebe outras luzes e nuances, para além do bagualismo rude da realidade nua e crua, que o entrevero abarbarado do cotidiano campeiro mostra. E é aí que sua arte se expressa e clareia. É desta matéria-prima, com fortes cores e cortes da realidade, que Byrata extrai e refina, no traço e no verbo, uma outra visão do mundo do campo e seus atores.
E aí, seja Humor ou Amor, bagual ou terno, talvez o pequeno detalhe é que vai fazer a diferença. E este detalhe, de estranhamento e espanto, de encanto e leveza, é arte. No caso aqui, bem bagual, é Arte do Byrata.

Humberto Gabbi Zanatta

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