Xiru Lautério "O PERSONAGEM MAIS BAGUAL DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS BRASILEIRAS"

20 de jan. de 2015

Je suis le bonne humeur



Nos últimos dias tenho encontrado com amigos que brincam comigo dizendo para eu me cuidar pois estão matando cartunistas por aí. Me divirto com as brincadeiras e participo com alegria, é uma interação saudável e prazerosa que faz parte da cultura brasileira. Costumamos tirar sarro de tudo, como se dizia antigamente, por volta da década de oitenta. Todos os assuntos merecem piada aqui no Brasil. Somos um povo bem humorado que sabe rir de si próprio. 

Costumamos rir de nossas desgraças e somos bons em criar anedotas sobre tudo, até sobre assuntos politicamente incorretos, nesse caso costumamos contar a piada a boca pequena, somente entre amigos e parceiros e nem por isso são consideradas ofensivas, pois se tratam de brincadeiras em que rimos juntos das nossas próprias desgraças ou diferenças, sem tons de deboche ou desrespeito. É tudo brincadeira que ajuda a passar as horas com alegria.

De uns tempos para cá o termo politicamente correto surgiu em nosso vocabulário e tornou mais complicado fazer graça de nossas mazelas. Tem fundamento, a humanidade se multiplicou muito e com isso os problemas de convivência também aumentaram, então, o bom senso nos aconselha a tomar cuidado para não sair por aí contando piadas que poderão ser entendidas como ofensivas, principalmente quando mal compreendidas. 

O bom humor é saudável e faz com que vivamos a vida com mais alegria, suportando melhor as dificuldades, mas sabemos que o humor tem seus aspectos negativos, quando se utiliza da irreverência excessiva, do deboche e da zombaria, que são formas de critica utilizadas para atacar, ferir e ridicularizar.

Então é bom não esquecer que, como tudo nesta vida, existe uma linha tênue que separa o bem do mal, e que se não estivermos atentos, corremos o risco de ofender a alguns companheiros de jornada neste imenso planeta, cheio de variações culturais, étnicas e religiosas, onde o obscurantismo e a intolerância procuram se  estabelecer e de onde poderá vir a resposta.

É certo que não se justifica a agressão do ofendido na forma do ataque a vida, mas é necessário afinar o tom da expressão e discussão a níveis mais positivos e elevados, tornando-se assim, a crítica construtiva e esclarecedora.

Até a poucos dias uma grande parcela da população terrestre sequer sabia da existência de um jornal chamado Charlie Hebdo, publicado em Paris, na França. Tampouco sabiam de seu conteúdo, onde as críticas ácidas ao islamismo e outras religiões era seu mote principal. As críticas atraíram a atenção de fanáticos que invadiram a sede da revista e massacraram 12 pessoas, entre elas os cartunistas responsáveis pela publicação.

O massacre trouxe à tona o debate sobre os limites da liberdade de expressão e o direito de ofender, por outro lado, é uma questão de responsabilidade, onde todos somos responsáveis pelo que dizemos e fazemos, inclusive pelas consequências de nossos atos e pelas vítimas de nossas ações.

Byrata

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