Li na Razão que numa noite destas um menor foi detido com uma bicicleta furtada, no bairro Urlândia. A Brigada Militar atendeu ao chamado e em revista ao menor, encontrou dentro da mochila que ele carregava, uma galinha viva.
Situação tragicômica essa, constituindo-se num verdadeiro arsenal de idéias para qualquer humorista. O ladrão foi pego pelo próprio dono do objeto roubado, demonstrando sua inexperiência. Na mochila do meliantezinho, além da galinha ainda havia bolitas. O que faziam ali? Seriam para enganar a galinha, que poderia pensar que era comida e assim manter-se calma e silenciosa, enquanto o rapaz agia, na calada da noite? Ou se tratava de bolitas que já se encontravam na mochila, que também foi roubada? Ou será que o ladrãozinho, ainda brincava com bolitas? É um mistério digno de Sherlock Holmes... No fim, o menor foi entregue a seus responsáveis e a galinha passou a noite na cadeia
O assunto lembrou-me de outra ocorrência que também merece destaque pelo seu aspecto cômico. Há alguns meses atrás, na Praça Eduardo Trevisan, que eventualmente, à noite serve de local para encontros amorosos, reunião de jovens festeiros e também de marginais que se aproveitam do grande fluxo de estudantes, para assaltar e roubar.
Além destes usos noturnos da Praça, também ocorrem cerimônias religiosas em que lá são colocadas oferendas para as mais diversas entidades espirituais.
Pois, numa manhã destas, amanheceu vagando pela praça um galo. Sim! Um belo e gordo frangão! Ainda estava meio tonto, após sobreviver a quem sabe que jornada, passada entre terra e céu ou entre limbo e inferno, sabe-se lá... O caso é que os santos não o aceitaram e ele retornou a vida. Vagava meio aéreo pela praça, dando a impressão de que perdera a identidade. Já não sabia se era ave, despacho ou que outro ser...
O bicho passou todo dia naquela situação, objeto de curiosidade dos moradores do entorno da Praça e de seus frequentadores habituais, até que uma comissão de moradores deliberou por prender a criatura e levá-la para uma das residências, enquanto aguardava seu destino.
Lá continua até hoje, está muito bem cuidado e recebe o carinho da vizinhança, que até manifestou, através de correspondência abaixo-assinada por vários moradores de um prédio próximo, seu apoio e apelo para que a proprietária da casa que o acolheu não se desfaça do galo e nem se preocupe com seu canto na madrugada, som já quase esquecido pelos moradores urbanos, alguns de origem rural, há muito distantes dos sons e ares campestres.
Dizem alguns gozadores de plantão, que o galo não age mais como uma ave normal. Tem um ar diferente, um olhar atento e penetrante. Observa as coisas e pessoas como se as visse de um outro plano. Como se estivesse constantemente inspirado ou como se percebesse algo invisível. Alguns até dizem que seu canto traz vaticínios, previsões, augúrios... A maior dificuldade está em traduzir esse canto para a linguagem humana. O certo é que, o bicho canta anunciando o amanhecer ou quando está com fome...
Byrata
Santa Maria, 5/06/09
Texto publicado Na Razão
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